Diante da pandemia de coronavírus, em que o afastamento social tem sido a principal medida recomendada pelas autoridades de saúde para conter o alastramento do vírus, produtores rurais familiares têm se articulado para garantir a comercialização de produtos com segurança.
No município de Jequitinhonha, no Vale Jequitinhonha, agricultores familiares locais têm feito vendas on-line. E tudo indica que estão indo muito bem, como revela a secretária municipal de agricultura, Dilmaria Gonçalves de Jesus. “Os pedidos cresceram muito e tem agricultor que está vendendo dez vezes mais”, afirma.
Segundo a secretária, duas feiras livres, realizadas aos sábados e às quartas-feiras, foram suspensas, apesar de até o momento não haver registro de caso da doença e nem mesmo de suspeitas no município. No entanto, ela afirma a necessidade de realizar ações de prevenção. “Uma das estratégias adotadas pelo município foi a suspensão das feiras livres, até por exigência da comunidade. Houve uma cobrança muito grande por parte da população. Feira livre em nossa região é um lugar turístico de encontro de pessoas de todos os lugares, inclusive de outros estados, o que pode favorecer a contaminação. Então, para que os nossos produtores não ficassem no prejuízo e não corrermos riscos, decidimos criar feiras on-line”, explica.
Funcionamento
“Criamos dois grupos de WhatsApp, com a participação de produtores, dos cadastrados na Associação de Feirantes de Jequitinhonha e de consumidores, entre outros. Divulgamos os links para demais grupos. Agora, os produtores recebem os pedidos, informam os preços e combinam as entregas”, explica.
A secretária informa que, no total, os dois grupos criados no aplicativo têm mais de 300 contatos. A medida está beneficiando inicialmente cerca de 40 agricultores, mas a expectativa é aumentar a adesão, tanto de produtores quanto de consumidores. Segundo cálculos da secretária municipal, o Jequitinhonha possui a média de 2 mil agricultores familiares.
Sucesso
Dilmaria Gonçalves ressalta que a venda on-line é excelente alternativa para o enfrentamento dos dias difíceis, sem expor os produtores e consumidores aos riscos de contaminação de coronavírus. O modelo, segundo ela, já está sendo avaliado por outros municípios vizinhos, como Itinga e Almenara, que pensam em implantar o mesmo sistema de comercialização. “Se depois da crise ficar demonstrado ser uma estratégia boa de comercialização, a gente vai continuar”, garante.
Produtora do Assentamento Campo Novo, Valdirene Rocha está satisfeita com a nova forma de comercializar os produtos cultivados pela família. “Está sendo muito bom pra gente e para os clientes. Estamos vendendo mais”, confirma.
Igualmente animada com a nova plataforma de vendas, a agricultora Elisângela Matias, do projeto de assentamento Graúna, se diz satisfeita: “Nossas vendas on-line estão dando certo e espero que cresçam ainda mais”.