A colheita do café está começando e Minas Gerais deverá ter uma das maiores safras da história. O estado é responsável pela metade da produção nacional e deverá colher mais de 30 milhões de sacas (60kg), segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se a previsão se confirmar, será a terceira vez que os cafeicultores mineiros ultrapassarão esta marca. A colheita do café gera um grande movimento de trabalhadores rurais, em mais de 460 municípios do estado, até o mês de setembro.
Neste ano, além dos cuidados usuais durante a colheita para garantir a qualidade do café, os produtores deverão redobrar a atenção por causa da pandemia do novo coronavírus. A Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), preparou uma cartilha alertando sobre os cuidados que devem ser tomados como prevenção à Covid-19, para evitar a contaminação de cafeicultores e trabalhadores rurais durante as atividades nas propriedades.
A cartilha está disponível no site da Emater-MG e será distribuída eletronicamente pelos técnicos da empresa para os produtores. Ela também vai ser usada para auxiliar as prefeituras municipais na tomada de decisão sobre medidas de prevenção à Covid-19 no período da colheita do café. Para acessar a cartilha, clique aqui
“Estamos orientando sobre vários cuidados básicos neste momento da colheita, principalmente em relação ao coronavírus. É importante salientar, que alguns municípios têm seus decretos específicos, que regulamentam as medidas de controle da doença, e que precisam ser observados pelo cafeicultor”, afirma o coordenador estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Julian Carvalho.
A cartilha orienta o cafeicultor desde o momento da contratação da mão de obra e do transporte dos trabalhadores até as ações de prevenção no dia a dia da colheita. Seguindo as recomendações das autoridades de saúde, a Emater-MG lembra que pessoas com mais de 60 anos e aquelas portadoras de doenças como diabetes, doenças cardíacas e respiratórias devem permanecer em casa, pois fazem parte do grupo de risco.
Caso seja necessário providenciar veículo de transporte para trabalhadores até a propriedade, devem ser observados cuidados como uso de máscaras por passageiros e condutores, manutenção da distância de aproximadamente dois metros entre as pessoas e desinfecção do veículo antes e depois de cada viagem.
Nas fazendas onde há alojamento para os trabalhadores, a Emater-MG orienta, entre outras coisas, que o ambiente seja higienizado diariamente, que as camas sejam mantidas a uma distância de pelos menos dois metros entre elas, que no dormitório seja disponibilizado álcool em gel, além de água e sabão, para higienização das mãos.
A disponibilidade de água, sabão e álcool em gel também vale para os refeitórios. A orientação é estabelecer horários diferentes para que pequenos grupos de trabalhadores utilizem o local, posicionando as mesas com uma distância mínima de segurança. Copos, talheres, pratos e toalhas não devem ser compartilhados. E, quando possível, as refeições devem ser servidas individualmente em marmitas, também conhecidas como “quentinhas”.
A cartilha da Emater-MG orienta que os equipamentos utilizados durante a colheita por cada trabalhador (peneira, rastelo, sacarias) sejam de uso individual, sem compartilhamento. Outra recomendação é que cada pessoa fique responsável por colher em uma fileira específica da lavoura, evitando proximidade com outros trabalhadores. Durante o trabalho de colheita, produtores e trabalhadores rurais precisam usar máscaras.
Se possível, todas as pessoas envolvidas na colheita devem ser submetidas à verificação de estado febril, com uso de termômetro digital de testa. A aferição deve ocorrer, preferencialmente, antes do embarque nos ônibus ou no início diário das atividades. Aquelas pessoas com febre e outros sintomas como tosse, dificuldade de respirar e coriza, devem seguir as orientações médicas e ser afastadas do trabalho.
Foco na qualidade
Além dos cuidados de prevenção à Covid-19, a Emater-MG reforça a necessidade de não deixar de lado o foco nas boas práticas de colheita. “Esta fase é muito importante para obter um produto de qualidade”, observa Julian Carvalho.
Entre os pontos de atenção, o coordenador da Emater-MG lembra que é necessário iniciar a colheita, sempre que possível, no ponto ideal de maturação dos frutos. Equipamentos como lavadores e secadores devem ser limpos e revisados com antecedência.
Após colhido, o café precisa ser levado para o terreiro de secagem no mesmo dia e esparramado em camadas finas. Durante o período que fica no terreiro, é importante que o café seja movimentado constantemente para evitar fermentações indesejáveis. Além disso, é importante não misturar lotes de cafés com umidades e qualidades diferentes. E o cafeicultor precisa acompanhar o teor de umidade final do produto para o armazenamento.
Principais recomendações
Transporte
* Limpar bem o interior do veículo.
* Disponibilizar álcool em gel 70% para higienização das mãos dos trabalhadores.
* As janelas dos veículos devem ser mantidas abertas e deve ser respeitada a distância mínima de dois metros entre os passageiros.
Alojamentos
* As camas do alojamento devem ficar a uma distância mínima de dois metros entre elas.
* Não compartilhar armários, toalhas e roupas de cama.
* Além da água e sabão, disponibilizar álcool em gel 70% para a higienização das mãos.
Refeitórios
* Disponibilizar álcool em gel 70%, sabão e água.
* Propriedades que fornecem refeições devem servi-las no sistema de marmitas ou “quentinhas” individuais.
* Evitar a aglomeração de pessoas no refeitório e definir horários de alimentação diferentes para grupos pequenos. A distância mínima entre as pessoas deve ser de dois metros.
Lavoura
* Manter distância mínima de dois metros entre os trabalhadores durante a colheita.
* Não compartilhar as ferramentas e equipamentos.
* Realizar a higienização das mãos, máquinas e equipamentos antes e após o uso.
* Utilizar máscaras de proteção durante dos trabalhos.
A cartilha completa pode ser acessada no site da Emater-MG: www.emater.mg.gov.br