Minas Gerais acaba de concluir capacitação para que possa ter participação autoral na produção do Mapa Monitor de Secas, plataforma da Agência Nacional de Águas (ANA). Com o novo treinamento, o estado, primeiro fora do Nordeste a compor a equipe de monitoramento, se junta a Pernambuco, Bahia e Ceará para analisar a evolução do fenômeno da seca em todo o país, partindo de indicadores climáticos e físicos.
O Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) será a instituição do Governo de Minas responsável pela produção dos documentos e mapas. Técnicas do Igam finalizaram o treinamento nesta sexta-feira (13/12), em seminário promovido pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), sob a supervisão da Agência Nacional das Águas (ANA).
Todo o material cartográfico produzido pelo Igam será publicado no site da agência nacional, mensalmente, com as informações sobre a escassez hídricas em cada uma das 27 unidades federativas.
De acordo com a analista ambiental do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), Paula Pereira de Souza, o processo de elaboração do Mapa Monitor de Secas foi iniciado no Brasil em 2014. Pernambuco, Bahia e Ceará foram os primeiros a realizarem a autoria da base cartográfica. Além de Minas e dos três estados, o Espírito Santo também será integrado ao monitor. “A ideia é expandir para o Brasil como um todo” afirma Paula.
Minas no processo
Na última década, os anos sucessivos de baixa pluviosidade registrados em algumas regiões mineiras agravaram a situação da seca, provocando crises hídricas em bacias de relevância nacional, a exemplo da Bacia do Rio São Francisco, que tem cerca de 37% da sua área em Minas Gerais. Além disso, o Norte de Minas abrange municípios que integram o Semiárido Brasileiro, compondo, junto a outras cidades localizadas na Região Nordeste, a área historicamente mais afetada no país por eventos de seca.
Apesar de o Mapa Monitor de Seca de Minas ser publicado no site da ANA desde 2018, o Estado anteriormente, fazia apenas a validação do arquivo que era de autoria da Funceme. “O aprendizado foi muito além do que a gente imaginou. Se tudo der certo, já entraremos na escala de revezamento com os outros estados, em janeiro, para desenhar os mapas e fazer a publicação”, explica Paula.
O coordenador de meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo dos Anjos, acredita que a entrada de Minas Gerais e Espírito Santo na autoria do mapa pode resultar em ações conjuntas de enfrentamento à seca no Sudeste. “Passamos a ter uma ferramenta indicadora melhor. E nada melhor que desenvolver com Minas, porque são dois estados próximos geograficamente”, frisa Hugo. O hidrologista da Funceme, Gilberto Mobus explica que o mapa é um trabalho colaborativo entre as instituições ligadas a meteorologia nos estados e a ANA.
Ele explica a mudança de função de Minas Gerais, que passou da validação para fazer também a autoria. “Os validadores têm a função de fornecer dados de sua rede de monitoramento, avaliar o traçado do mapa proposto pelos autores e coletar evidências sobre a situação da seca em seus estados. Quando um estado passa a participar da autoria, todo um trabalho de elaboração do mapa, manuseio de projetos em Sistema de Informações Geográficas, avaliação e interpretação dos produtos de apoio e indicadores e interação com os validadores é incorporado à rotina mensal da instituição envolvida. A participação no processo torna-se ainda mais técnica”, destaca.
Segundo o hidrologista, a expectativa é de que, em breve, o Mapa Monitor de Secas possa estar presente em todo o país. Em 2020, já deverão aderir Goiás e Rio de Janeiro.
Fonte: Agencia Minas