Sistema socioeducativo de Minas produz máscaras contra Covid-19

Em uma oficina com quatro máquinas de costura, seis jovens que cumprem medidas de internação no Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, na região Central do estado, já fabricaram quase 1,5 mil máscaras de proteção à Covid-19. Isto em aproximadamente 15 dias, contando o período de aprendizagem, que teve início em 14/4. A unidade foi a pioneira do Governo de Minas nesta produção, iniciada recentemente também no Centro Socioeducativo São Jerônimo, em Belo Horizonte, e com previsão de ampliação para outras unidades do sistema.

Da produção de Sete Lagoas, cerca de 400 peças foram destinadas ao Centro de Internação Provisória de Sete Lagoas e ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente de Belo Horizonte (CIA-BH), para proteger jovens, visitantes e servidores do Estado.

O diretor-geral do Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, Pedro Ruano, faz questão de ressaltar o caráter pedagógico da oficina, pois não se trata de uma linha de produção industrial, apesar da qualidade das peças e de os jovens conseguirem confeccionar cerca de 160 unidades por dia. Segundo ele, é uma forma de eles darem novo significado a suas vidas, atitudes e ações. “Eles aceitaram a proposta como uma maneira de fazer o bem e, para nossa surpresa, eles pegaram a técnica de forma muito rápida”, explica o diretor.

Na área de produção, os seis jovens usam máscaras, jalecos e toucas. Eles se alternam no corte do TNT e nas máquinas de costura. Os jovens trabalham de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, divididos em duas equipes, uma de manhã e outra à tarde.

Eles começaram a produzir as peças com 11,7 mil metros de TNT e, agora, passam a fabricar também máscaras reutilizáveis, feitas com tecido 100% algodão, dispondo de 110 metros deste material. Tanto o TNT quanto o tecido foram comprados pelo governo estadual.

A quantidade de TNT é parte dos 165 mil metros adquiridos pelo Estado, para a fabricação de máscaras descartáveis nas unidades socioeducativas e, também, prisionais. “Diferentemente do sistema prisional, a atividade produtiva em um centro socioeducativo não tem os moldes de uma linha de produção, o ritmo de uma fábrica, nem pode ter. Não perdemos de vista o contexto que está por trás desta atividade”, reforça o diretor-geral da unidade.

Aprendizado

Duas agentes socioeducativas, Jaqueline Rocha e Silvia Danizete, são as responsáveis por supervisionar as atividades dos jovens na oficina. A primeira cuida da logística da produção e a segunda ensina as técnicas de costura.

Silvia Danizete aprendeu a costurar aos 8 anos, com a mãe e a avó. Foi com a atividade que ela conseguiu manter a vida e estudar, até ingressar no sistema socioeducativo, por meio de concurso público. Além dos conhecimentos práticos de costura, ela é mestre em Educação Tecnológica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). Ela explica que a atividade de produzir máscaras mostra para os jovens que eles têm condições de fazer algo mais, para si mesmos e o próximo.

“Eles demonstram grande habilidade. É uma satisfação ímpar esse processo de trabalho junto com eles, ensiná-los algo melhor para o mundo e para a vida deles”, destaca a agente socioeducativa.

O espaço onde foi instalada a oficina passou por uma reforma geral, em especial a parte elétrica, em função das máquinas instaladas e, para isto, contou com os conhecimentos de um agente socioeducativo da unidade, formado em Engenharia Elétrica.

Ronaldo Lourenço*, 20 anos, é dos jovens que atuam na confecção das máscaras. Ele diz já estar sonhando em trabalhar com a máquina de costura da avó. “Produzir as máscaras me ajuda a passar a borracha no que me trouxe para cá; ficam manchas, mas ameniza um pouco”, revela o jovem.

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